sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Assim se fez

Assim se fez o sentimento,
Torna-te essência ou desapegue-se,
Busca-te um destino ou sumas,
Apenas fiques ou partas.

Assim se fez a noite,
Escura, fria, à me envolver,
Senta-te ao meu lado e confies,
Traga-me você, o que me importas.

Assim se fez o sonho,
Nasces como o sentimento e a noite,
Podes ser livre,
Mas chora ao ser o real.

Assim se fez o eu,
Crias essência, buscas destino,
Confias, choras e importas,
És livre e nasces a cada nascer do dia.

Flávia Carvalho

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A arte pela arte.

Ao coração que sofre

"Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar."

Olavo Bilac


Ontem a aula de literatura no cursinho me encantou!
Já tinha lido alguns poemas do Olavo Bilac, mas nunca com tanta vontade.
Gosto desse neorromantismo dele, o parnasianismo em si é a procura pelo belo, pela estética, algo visual. Mas gosto de poemas que dizem um pouco do autor, essa é a grande diferença desse poeta que foi o maior exemplo no Brasil nesse movimento literário.


"E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar"


Falou tudo.