terça-feira, 29 de setembro de 2009

Para uma data especial

Existir

Andando num entardecer com a alma limpa,
O ar enche meus pulmões de vida,
O vento bate em minha face,
E penso, é eu existo.


Chego no meu lar,
Estou sozinha, não, não estou sozinha,
Gosto da minha companhia,
Afinal, eu existo para mim.

Afogo-me em livros para entender melhor esse espaço em que vivo,
Logo respiro novamente e tomar fôlego para refletir,
Afinal pra quê estou aqui?
Mãos trêmulas, pensamentos instigantes e desespero.

Paro, volto para mim e chego a conclusão:
Eu vim para mostrar a alguém que melhor que ter a si mesmo como companhia,
É juntar dois “eus” para transbordar alegria.
Portanto, existimos para nós.

Agora sim entendo...
Quando essa junção dá certo e o sentimento é recíproco estamos acertando,
Temos vontade de fazer tudo isso crescer e amadurecer,
É, o amor existe.



Fiz esse poema em homenagem aos 60 anos de casados do meus avós hoje!
As pessoas deveriam se amar mais...

sábado, 26 de setembro de 2009

Acorda...

Ela chega em casa, cheiro de cigarro, cabelos despenteados e rímel borrado.
Bela noite digamos de passagem, ela deita em sua cama...

Passam-se alguns minutos e um café, é um café é uma boa pedida.
Senta-se no balcão da cozinha, passa as mãos no cabelo, assopra com sutileza aquela fumacinha e num instante algumas lágrimas.
Os olhos mais que borrados, o soluço, a solidão... é a solidão.
Ela senta na varanda e observa: casal na manhã de domingo caminhando com o bebê na calçada, a senhora indo buscar os pães, as crianças correndo pro parque no dia ensolarado que fará.
Mais algumas lágrimas, fecha os olhos e relembra...
Como num piscar dos olhos ela se vê novamente naquela pista dançando como se nada mais existisse, como se ninguém pudesse vê-la, é ela é livre, mas aquilo lhe prendia.
Abre os olhos novamente, respira fundo, e vai deixar a xícara na cozinha.

Deita na cama, rola para um lado, para o outro, e pensa no cara da noite, realmente era bem bonito, fazia o estilo, tinha um papo interessante, trocaram alguns olhares sim, sentiu algo a mais também. O beijo dele era bom, o olhar dele era intrigante e ela gostava de causar mistérios.

Ela se abraça com uma feição de dor, de desgosto, de agonia, levanta novamente e senta-se no sofá da sala, olha pro teto, pro relógio, se olha no espelho, lava o rosto, insônia, desespero, angústia, angústia, angústia.

Cadê aquela alegria da noite? Cadê aquele cara? Cadê aquela garota que saiu de casa com a melhor maquiagem, com a melhor roupa, com o maior sorriso?

Acorda! ela não está sonhando...
Acorda! ela não está se realizando...
Acorda! ela só se pertence...
Acorda! ela prefere estar sozinha com as frases dela...
Acorda! ela não quer mais ... ela só não quer mais...
Acorda! ela não consegue dizer não, quando é o que ela mais precisava.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Desespero

Desespero

Desafoga essa agonia que brota a cada suspiro
Traga-me o ar, liberte-me de tal tortura
Deixe-me ver o que faz a mim de melhor
Porque o meu melhor será seu.

As vias que me mantém viva estão comprometidas,
Causa que desconheço, mas que seca todos os meus sentidos,
Algo emergencial necessita ser feito,
Faça-me o necessário, somente o necessário.

As palavras a meia luz que me confortam provavelmente sejam remédios,
Me previnem de tal sensação mortal.
Me envolvem de insônia, mas me preenchem de sorrisos.
Me fazem alguém melhor.

São olhos, bocas, cabelos, trejeitos, pernas e braços.
São almas, sabores, sensações e essência.
São infinitos, mortais e ilusões.
São contradições e absurdos.
São sonhos.


Flávia Carvalho