sábado, 26 de setembro de 2009

Acorda...

Ela chega em casa, cheiro de cigarro, cabelos despenteados e rímel borrado.
Bela noite digamos de passagem, ela deita em sua cama...

Passam-se alguns minutos e um café, é um café é uma boa pedida.
Senta-se no balcão da cozinha, passa as mãos no cabelo, assopra com sutileza aquela fumacinha e num instante algumas lágrimas.
Os olhos mais que borrados, o soluço, a solidão... é a solidão.
Ela senta na varanda e observa: casal na manhã de domingo caminhando com o bebê na calçada, a senhora indo buscar os pães, as crianças correndo pro parque no dia ensolarado que fará.
Mais algumas lágrimas, fecha os olhos e relembra...
Como num piscar dos olhos ela se vê novamente naquela pista dançando como se nada mais existisse, como se ninguém pudesse vê-la, é ela é livre, mas aquilo lhe prendia.
Abre os olhos novamente, respira fundo, e vai deixar a xícara na cozinha.

Deita na cama, rola para um lado, para o outro, e pensa no cara da noite, realmente era bem bonito, fazia o estilo, tinha um papo interessante, trocaram alguns olhares sim, sentiu algo a mais também. O beijo dele era bom, o olhar dele era intrigante e ela gostava de causar mistérios.

Ela se abraça com uma feição de dor, de desgosto, de agonia, levanta novamente e senta-se no sofá da sala, olha pro teto, pro relógio, se olha no espelho, lava o rosto, insônia, desespero, angústia, angústia, angústia.

Cadê aquela alegria da noite? Cadê aquele cara? Cadê aquela garota que saiu de casa com a melhor maquiagem, com a melhor roupa, com o maior sorriso?

Acorda! ela não está sonhando...
Acorda! ela não está se realizando...
Acorda! ela só se pertence...
Acorda! ela prefere estar sozinha com as frases dela...
Acorda! ela não quer mais ... ela só não quer mais...
Acorda! ela não consegue dizer não, quando é o que ela mais precisava.

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